A cistectomia radical (retirada completa da bexiga) é um procedimento cirúrgico fundamental no tratamento de tumores invasivos na bexiga, mas que leva a algumas consequência na vida do paciente.
Neste post, vamos explicar como a cistectomia radical é feita em homens e mulheres, sobre a possibilidade de preservação de alguns órgãos e a reconstrução da bexiga. Confira!
Índice
A cistectomia radical é um procedimento que normalmente é usado em tumores com invasão da musculatura da bexiga, quando está no chamado estágio T2 câncer de bexiga. Esse procedimento pode ser feito tanto em homens quanto mulheres, sendo realizado de forma diferentes, até porque a anatomia de ambos os sexos é diferente.
Nos homens, a cistectomia radical normalmente inclui a remoção completa da próstata, já que a bexiga está intimamente relacionada com a próstata, então, a retirada da bexiga para câncer de bexiga, quase sempre, na teoria, está associada a remoção completa da próstata.
Essa cirurgia, assim como a de retirada da próstata para câncer de próstata, também pode dar os mesmos problemas, como incontinência urinária e impotência sexual.
Em alguns casos selecionados, é possível preservar a cápsula prostática e retirar apenas a parte do miolo da próstata (adenoma da próstata). Isso requer uma seleção e alguns cuidados, como indicações oncológicas, indicações anatômicas, preferência, idade… enfim, uma série de questões que deve ser avaliado em conjunto com o paciente, para saber se vale a pena ou não.
Eventualmente, nem todo mundo pode fazer a cistectomia radical com preservação da próstata, pois são situações especiais.
Já na mulher, a parede anterior, ou seja, a parede de cima da parte da vagina está intimamente colada com a bexiga, de forma que, a cistectomia radical na mulher, também chamada de exenteração pélvica anterior, inclui a remoção total do útero, dos ovários e da parte anterior da vagina, a parede da vagina que está em contato com a bexiga.
Obviamente, esse procedimento implica em riscos e consequências sexuais na mulher. A dúvida de muitos é se também é possível fazer a preservação da vagina. E sim, é possível fazer a preservação da vagina.
Muitas vezes nos aliamos aos ginecologistas e fazemos um procedimento combinado, inclusive de reconstrução posterior para que afete menos a vida sexual da mulher. Porém, assim como no caso da próstata para homem, nem sempre é possível, do ponto de vista oncológico, da progressão do estágio do tumor, que isso ocorra.
Outra questão que vem com a retirada da bexiga é: “Como fica a reconstrução? Como é que a pessoa vai urinar depois?"
Existem algumas opções de reconstrução e substituição da bexiga, porém, usualmente utilizamos duas delas. Uma delas é a reconstrução de uma nova bexiga com um pedaço de intestino, que é retirado do trânsito normal. Na outra, a parte urinária é colocada para fora e a pessoa vive com a bolsinha.
De novo, nem todo mundo tem a opção de fazer as duas coisas. Por exemplo, a nova bexiga com o intestino, a pessoa precisa ter uma função renal muito boa, pois se tiver um prejuízo já de função renal a pessoa nem pode fazer esse procedimento, e assim por diante.
Nos últimos anos, há muitas novas drogas, que em conjunto com os oncologistas clínicos nós discutimos e podemos fazer técnicas de preservação da bexiga que pode ser feito e não fazer a remoção total da bexiga, que se pode fazer um conjunto de cirurgia endoscópica parcial com radioterapia e quimioterapia, e isso fazer preservação da bexiga. De novo, tem questões que podem ter prejuízo oncológico, nem todo mundo tem indicações para fazer isso.
Cada vez mais, também do ponto de vista cirúrgico, é necessário ter um time multidisciplinar, estar em um hospital que tenha condições, porque é uma cirurgia de altíssima complexidade e que precisa de um monitoramento contínuo dentro de um hospital com todas as condições. Então, a retirada da bexiga deve ser feita por avaliação multidisciplinar de um urologista com oncologista, e se decidir o que é melhor junto com o paciente dos riscos e dos benefícios.
Urologista formado na Universidade Federal de São Paulo, há 25 anos e qualificado em cirurgia minimamente invasiva e robótica.