Durante a virada do ano me realizei de que esse ano, 2023, faz 30 anos que eu me formei, o que me trouxe uma série de reflexões.
Nessa série de conteúdos, vou contar um pouco sobre a minha carreira e as mudanças que temos notado na medicina. Acompanhe!
Índice
Desde criança eu sempre quis ser médico, e 1988, com 17 anos, consegui entrar na Escola Paulista de Medicina, me formando em 1993, com 22 para 23 anos e em seguida fiz a minha residência em cirurgia geral.
Dentro da cirurgia tinham muitas opções de especialidade, mas a urologia foi uma que sempre me encantou, porque essa é uma especialidade da cirurgia que envolve muita clínica e o raciocínio médico. Além disso, a urologia abrange muitas coisas, então, o urologista trata tanto homens como mulheres; abrange todo o trato urinário masculino e feminino; envolve muitas vezes cirurgia torácica; trata dos rins, da bexiga, da próstata.
Normalmente, são 2 anos de cirurgia geral mais 3 anos de urologia, então, eu acabei a minha residência em janeiro de 1999.
Tem sido difícil entrar na urologia nos últimos 30/40 anos, pois essa é uma especialidade que é sempre bastante concorrida e que é mais restrita, não tem muitas oportunidades no mundo inteiro. Quase sempre os primeiros colocados é que acabam entrando na urologia, isso não só aqui como em outros lugares. Então, a residência sempre exigiu muito esforço e dedicação.
Outra coisa que eu queria fazer desde criança era estudar fora do país. E a 30 anos atrás, a medicina no Brasil ainda era muito diferente da medicina tanto nos Estados Unidos quanto na Europa, principalmente na área de tecnologia, o que tem evoluído muito no cenário nacional.
Durante a minha residência, sentindo necessidade e a falta da introdução de tecnologia no cenário cirúrgico, e estudando e vendo o quanto isso, ainda de forma inovadora, acontecia em alguns lugares do Estados Unidos, eu tive a sorte de poder ficar com o pioneiro de todas as inovações tecnológicas em cirurgia e urologia, o Doutor Half Kleiman. Meu professor Miguel Mitsurugi, conseguiu para mim na época, e foi muito difícil, mas eu consegui passar e fazer a minha pós-graduação e consegui uma bolsa de doutorado sanduíche, onde eu fiz parte lá e parte aqui.
Quando voltei para o Brasil, tive a oportunidade de introduzir diversas novas tecnologias no cenário no Brasil, como robótica, laparoscopia, endourologia com cirurgia para cálculo, enfim, uma série de coisas. Foi por isso que eu acabei indo para o Einstein, podendo até ter sido o primeiro a ter feito cirurgia robótica no Einstein. Esse é um diferencial da minha carreira.
Naquela época, 20 e poucos anos atrás, quando retornei dos Estados Unidos com essas mudanças, a coisa era um pouquinho mais pesada. Agora que isso sedimentou, sinto uma certa satisfação em ter contribuído um pouquinho para isso junto de outras pessoas.
Eu fiz um curso em Harvard sobre liderança nos próximos 10 anos, e eu acho que os próximos 10 anos, principalmente impulsionado pelo COVID, nós vamos ter muita transformação digital e cada vez mais um cenário mais virtual aumentando dentro da área médica, onde cada vez mais os pacientes ficam menos tempo no hospital, o que vai gerar, talvez, mudanças estruturais mesmo dentro do hospital, precisando cada vez menos de leitos hospitalares e talvez mais de procedimentos e lugares rápidos, além de mais atendimentos médicos fora do ambiente hospitalar.
Nessa série, mais do que falar sobre os meus 30 anos de formado, também quero falar sobre como esses 30 anos podem ajudar a gente a melhorar nos próximos 30 anos.
Urologista formado na Universidade Federal de São Paulo, há 25 anos e qualificado em cirurgia minimamente invasiva e robótica.