Dr. Cássio Andreoni

O exame de toque é o único para identificar o câncer de próstata?

Atualizado em 12/09/2023
Tempo de leitura: 3 min.

O exame de toque é o único para identificar o câncer de próstata? Neste artigo, exploraremos  a importância do exame de toque retal, também conhecido como exame do toque, no contexto da detecção do câncer de próstata.

Ao longo dos anos, este exame tem sido alvo de controvérsias, especialmente em comparação com o teste de PSA (Antígeno Prostático Específico). Vamos discutir como o toque retal e o PSA se complementam no diagnóstico e na suspeita de câncer de próstata, e também discutiremos a relevância desse exame no contexto do rastreamento e da avaliação de problemas na próstata.

O exame de toque é o único para identificar o câncer de próstata?

O exame de toque retal para próstata, o famoso exame do toque, trás muita controvérsia há muito tempo. Eu estou fazendo 30 anos de formado agora, e desde aquela época o toque é um problema. 

Nesse mesmo ano que eu me formei, em 1993, caiu na minha prova de residência médica a seguinte questão: "Qual o principal exame para câncer de próstata?" E a resposta certa era toque retal.

Lembrando que o PSA, que é o exame no sangue para detectar ou ajudar a detecção do câncer de próstata, era recente, foi mais ou menos na década de 90 que o PSA se popularizou e se tornou ainda hoje um exame essencial no rastreamento do câncer de próstata.

O exame de PSA é específico para câncer de próstata?

É importante dizer que o PSA não é um exame específico de câncer de próstata, pois ele pode aumentar em vários situações da próstata, como inflamações e infecções da próstata, aumento benigno da próstata e o próprio câncer, além de também aumentar situações comuns como ejaculação, andar a cavalo, bicicleta, moto e essas coisas.

A mesma pergunta lá de 30 anos atrás, ainda vale hoje?

Acho que não. Óbvio que o exame de toque perdeu essa importância que se tinha antes do PSA, porque antes do PSA, o toque era basicamente o único teste possível.

No entanto, assim como o PSA, o toque não é só para ver se tem câncer ou não, o toque é um exame físico como muitos outros, assim como é feito em uma mulher o toque vaginal, que não está ali só para verificar se existe a presença de câncer, mas também está vendo outras coisas. No homem, por exemplo, distúrbios inflamatórios causam o aumento de PSA, e muitas vezes o próprio toque já dá um indício de que há um problema.

O que o exame de toque pode indicar?

A maior parte dos homens tem um pouco de desconforto na introdução (no canal anal), mas, se tiver muito desconforto pode indicar uma hemorroida, uma disfunção, uma questão anal mas não da próstata, a próstata não deve doer quando o médico examina. Então, quando a gente examina, toca a próstata e dói já é um sinal de que o problema não é na próstata, evitando assim uma biópsia.

Aliás, deve ser evitada uma biópsia se você tem um PSA alto e ao fazer o toque é doloroso, pois isso é um quadro muito sugestivo de um processo inflamatório e não câncer, além disso, deixa a pessoa já mais tranquila no momento o médico toma outras providências que não uma biópsia, que seria o que poderia ser feito, e assim então ele também ajuda.

Ressonância Magnética do diagnóstico de câncer de próstata

Existe um outro exame para detecção de câncer de próstata, colocado mais recentemente (10 anos para cá), que é a ressonância magnética 3 teslas (maior potência) específica para a próstata. 

Realmente, hoje nós continuamos com a detecção de fazer o toque, fazer o PSA, e na alteração de um dos dois a gente faz a ressonância magnética e aí decide se faz a biópsia ou não, já que o diagnóstico do câncer de próstata é feito por biópsia, e apesar de nem o toque e nem o PSA darem o diagnóstico e sim a suspeita do diagnóstico de câncer de próstata, esses exames ajudam em muitas outras questões, que não só o câncer. 

O toque, como todos os outros exames físicos que se faz, ele ainda tem a sua importância. Certamente não a mesma importância de 30 anos atrás para dizer que ele é um exame mais importante, mas ele no conjunto ele tem a sua importância, e ainda (na minha opinião) deve continuar sendo feito não só no rastreamento do câncer de próstata mas muitas vezes até em pessoas mais jovens e em suspeitas de processos inflamatórios da próstata.

Dr. Cassio Andreoni Ribeiro

CRM 78546
RQE 102167 - Urologista

Urologista formado na Universidade Federal de São Paulo, há 25 anos e qualificado em cirurgia minimamente invasiva e robótica.

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