Dr. Cássio Andreoni

Possíveis tratamentos após o diagnóstico do Câncer de Rim

Atualizado em 07/11/2022
Tempo de leitura: 3 min.

O diagnóstico de tumor renal é feito através de exames de imagem, porém, em alguns casos a biópsia pode ser indicada, sendo o tratamento do câncer renal primário, de forma unicamente cirúrgica.

No post de hoje, iremos falar sobre o diagnóstico de tumor renal e como o tumor primário é tratado, além de explicar o que é nefrometria e o grau de prioridade no tratamento da doença.

Diagnóstico do Câncer de Rim

O diagnóstico de tumor renal, diferente do de tumor de próstata, não precisa de biópsia, tendo seu diagnóstico de possível câncer de rim através de exames de imagem. Exames como o de tomografia ou ressonância com contraste, têm uma sensibilidade, uma especificidade muito alta para prever ou predizer, se aquele tumor tem um risco grande de ser maligno ou não, de forma que nós nos baseamos muito nessas informações.

Em alguns casos, pode ser indicado uma biópsia, mas isso ocorre, em situações que normalmente vão mudar um pouco o tratamento

Tratamento do Câncer de rim

A maior parte do tratamento do tumor renal, é cirúrgica, têm algumas técnicas diferentes, mas ela é cirúrgica. Hoje não existe, essencialmente, para o tumor de rim, uma quimioterapia, uma radiofrequência, uma imunoterapia que possa substituir a necessidade de um procedimento cirúrgico. E quando ele pode ser tratado de forma não cirúrgica? Quando eventualmente, o tumor de rim não é primário.

Linfoma

O linfoma é um tumor não primário do rim, e pode ser tratado de forma não cirúrgica, como no caso de um conhecido meu, que a um tempo atrás, teve uma suspeita de linfoma renal. Ele me ligou, dizendo que mostrava no ultrassom que ele fez de check-up, 5 tumores no rim, então pedi que ele fizesse uma tomografia. No dia seguinte, a tomografia identificou 10 tumores no rim. Para mim aquilo estava claro que não era um tumor primário do rim, e que poderia ser um linfoma. Se a gente fosse tratar aquele linfoma, como um tumor renal, eu tinha que ter retirado o rim dele, porém, como era uma suspeita de linfoma, aí sim, nós fizemos uma biópsia, foi diagnosticado um linfoma no rim, ele fez a quimioterapia, os tumores saíram e ele está vivo, com os dois rins, sem nenhum tratamento cirúrgico. Mas essa é uma situação rara, de forma que a biópsia não é algo de rotina no tumor renal.

Nefrometria

A nefrometria é um escore, um número que a gente dá, baseado em vários parâmetros, que classifica o tumor de rim de maior ou menor complexidade. Com isso, algumas perguntas devem ser feitas. Uma delas é se é possível, cirurgicamente, preservar o rim. Infelizmente, isso nem sempre é possível, pois muitas vezes o tumor do rim está muito próximo da veia e da artéria que vai nutrir o rim. Mesmo que seja possível, isso irá criar mais problemas do que benefícios, porque o paciente ficará com um rim pequeno e pouco vascularizado, o que pode causar dores e pressão alta, que não são benéficos para o paciente. Deixar um rim um pouco doente, acaba sendo pior do que tirar todo o rim.

Banco de dados

Há 20 anos atrás, em 2001, nós começamos um banco de dados, onde nós já temos quase 1.000 pacientes seguidos. Quando começamos, nós tínhamos uma média de tumor no diagnóstico, de 9 cm, e nessa época, em 80% dos casos a gente retirava todo rim. Em 2011, 10 anos depois, isso se inverteu, 80% dos casos a gente preservava o rim, mas a média do tumor no diagnóstico era de mais ou menos 4 cm, muito menor do que a média em 2001. Agora, em 2021, com 20 anos que temos um banco de dados, nós temos uma média de tumor menor que 3 cm no nosso grupo, cerca de 2,8 cm mais ou menos. Isso mostra que podemos cada vez mais fazer a preservação renal.

Cirurgia fechada

Nesses últimos 10 anos, não só é possível tirar só o tumor cirurgicamente, e preservar o rim, como de 20 anos pra cá, também temos visto sendo utilizado cada vez menos a cirurgia aberta, fazendo em mais de 90% das vezes, cirurgia laparoscópica ou robótica, evitando assim um corte grande que interfere bastante. As terapias com agulha, com congelamento ou radiofrequência, vem ganhando maior espaço, devido ao diagnóstico do tumor ser cada vez menor, a nefrometria é menor, e é tudo mais favorável, de forma que é possível ter segurança no tratamento oncológico e também ser minimamente invasivo.

Grau de prioridade

Também é importante ter o grau de prioridade no tratamento do tumor renal. Em primeiro lugar, é importante fazer um bom diagnóstico com um bom exame de imagem. Em segundo, a prioridade é do tratamento oncológico, ou seja, a cura do câncer, então, a primeira opção, deve ser aquela que dá maior segurança no tratamento do câncer e a segunda a preservação da função renal, caso seja possível preservar o rim. Porém, mesmo sem o rim o paciente pode viver muito bem, quando ele tem uma saúde boa, em geral. Em terceiro lugar vem a questão de um procedimento menos invasivo e doloroso.

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Dr. Cassio Andreoni Ribeiro

CRM 78546
RQE 102167 - Urologista

Urologista formado na Universidade Federal de São Paulo, há 25 anos e qualificado em cirurgia minimamente invasiva e robótica.

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