A função renal após uma cirurgia no rim é uma preocupação comum para muitos pacientes. A pergunta que frequentemente surge é: 'Qual é o impacto dessa cirurgia na minha função renal?'
Neste artigo, exploraremos como diferentes tipos de cirurgias renais podem afetar a função do rim e como a saúde geral desempenha um papel crucial nesse processo. Entender essas nuances é essencial para os pacientes que passarão por procedimentos renais e desejam manter sua função renal da melhor maneira possível.
Índice
Essa é uma pergunta muito comum entre os pacientes, e a resposta é que depende do tipo de cirurgia.
Então, uma das cirurgias mais comuns popularmente é a cirurgia de cálculo renal, em que usualmente você tira a pedra e acaba não tendo absolutamente nenhum problema, nenhum impacto na função renal.
A outra situação, totalmente diferente, são as cirurgias de tumor renal. Cirurgia na qual você pode tirar todo o rim ou retirar parte do rim com o tumor (nefrectomia parcial).
É sempre bom esclarecer que quando se fala em cirurgia de câncer onde é feita uma
cirurgia parcial, a gente tira um pedaço do rim no qual o tumor é completamente retirado junto, não sobrando nenhum tumor.
Nos dois casos, tanto na retirada completa como na retirada parcial, pode haver alguma perda de função renal, porque você está tirando o rim.
É justamente para preservação da função renal que começaram a popularizar, cerca de 20 a 30 anos atrás, a cirurgia de retirada de parte do rim, porque a retirada completa do rim com o passar do tempo pode trazer um prejuízo na função renal. No entanto, a maioria das pessoas acaba não indo para diálise mesmo tirando todo o rim, porque mesmo tendo uma perda abrupta da função renal com a retirada do rim, há uma recuperação do rim remanescente pois ele cresce. Ele não chega a regeneração, óbvio, mas é como se ele ficasse mais musculoso, mais gordinho e ele compensa começando a trabalhar mais.
Já no caso de pessoas tem diabetes, pressão alta, problemas de aterosclerose e outros problemas sistêmicos, essa compensação do rim pode não ocorrer igual uma pessoa mais saudável, então, a perda de função definitiva também vai depender não só do cirurgião, do tipo da cirurgia, mas da condição de saúde geral do paciente.
A retirada do rim quando se fala unicamente sobre preservação de função renal fazendo a retirada de parte do rim, depende. E se a pessoa tiver um rim só, que é uma indicação absoluta de preservação renal? Muitas vezes acontece... felizmente cada vez menos, porque nós já estamos aí há mais de 20 anos fazendo rotineiramente a cirurgia de preservação renal, mas ainda assim aparece.
Na minha residência médica, nos anos 90, praticamente 100% das cirurgias que nós fazíamos para câncer de rim era retirada total, e cerca de 5 até 10% desses pacientes podem desenvolver tumor no outro rim que sobrou, então, vira e mexe aparece uma pessoa com um rim só e que tem que tirar um tumor, então, óbvio que essa pessoa vai ficar com menos de um rim, ficando mais propensa a ter uma perda da função renal.
A função renal é mais ou menos como as questões de manter a saúde do coração, são para a população em geral mais fáceis de compreender. São elas:
Tudo que é bom para o coração é bom para o rim, porque o rim no fim das contas é um órgão vascular, é um órgão de artéria e veia, em que se você tiver tudo funcionando bem, se as artérias estiverem molinhas, não estiverem enrijecidas/durinhas e se tudo estiver direitinho, mesmo que você tire parte do rim ou às vezes tendo até retirado um rim e ainda ficando com quase metade do outro, esse rim vai compensar. Claro que você pode ter um prejuízo inicial, mas vai manter num nível que na imensa maioria das vezes não vai precisar fazer diálise. Ok?
Então, a saúde do rim é igual à saúde do coração, com a prática de exercício, dieta adequada, bom controle de todas as funções do corpo você vai preservar bem uma função, mesmo fazendo uma cirurgia no rim.
Urologista formado na Universidade Federal de São Paulo, há 25 anos e qualificado em cirurgia minimamente invasiva e robótica.