Feocromocitoma é um tumor incomum produtor de adrenalina originado nas glândulas adrenais ou supra-renais, porém que tem potencial de risco de vida ao acometido, portanto, merece estar atento ao médico generalista.
Feocromocitoma é incomum sendo menos de 1% dos casos de hipertensão arterial (pressão alta).
Feocromocitoma na maior parte dos casos é benigno, porém existem casos malignos.
Os pacientes com Feocromocitoma têm 90% de chance de serem curados após tratamento adequado, no entanto se deixados sem tratamento ou se este for inadequado, estes podem ter uma evolução fatal.
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Os sintomas são em decorrência da liberação de adrenalina na circulação, também conhecidos como paroxísmos:
Em muitos casos, o “paroxísmo” não ocorre de forma tão nítida e pode haver apenas um dos sintomas mais exacerbados e outros menos intensos, o que pelas características do quadro pode levar a alguns pacientes serem confundidos como terem “síndrome do pânico” e “alterações de pressão emocional”, o que pode retardar diagnóstico.
As crises de pressão alta podem ser muito exacerbadas criando riscos de complicações secundárias como um AVC (“derrame cerebral”) ou infarto no coração, o que nesses casos, o paciente terá uma entrada no pronto socorro com quadro clínico dessas complicações, fazendo com que o diagnóstico de Feocromocitoma seja feito demorado.
Por ser uma doença de potencial de complicações mais graves, a avaliação do paciente com Feocromocitoma deve ser feita por médico experiente, sendo que em se tendo uma suspeita, o paciente deve ser encaminhado para um especialista para avaliação (endocrinologista é o médico que mais frequentemente tem essa especialização, porém outros clínicos podem ter experiência também).
Em se descartando um quadro de complicação, o paciente deve receber medicações que controlem os picos de pressão alta, muitas vezes com drogas do grupo de alfabloqueadores. Muito cuidado deve-se ter com introdução e parada de uso de beta-bloqueadores para amenizar as crises de taquicardia.
Devido à liberação contínua de adrenalina no corpo, várias alterações vão ocorrendo como:
O diagnóstico é feito por análises clínicas (sangue e urina) e por exames de imagem:
O tratamento definitivo do Feocromocitoma é a remoção cirúrgica. Devido à localização da adrenal nos dois lados perto de estruturas vasculares como veia cava e aorta, o risco de sangramento deve obedecer a cuidados particulares, bem como possibilidade de lesão de órgãos importantes como fígado, baço, pâncreas e intestinos. Além disso, ao encostar-se ao tumor durante a cirurgia pode ter liberação abrupta de adrenalina e cirurgia ter que ser interrompida e drogas especiais serem administradas, tornando todo o procedimento cirúrgico mais delicado.
A cirurgia apenas deve ser agendada no mínimo cerca de um mês após início de medicamentos para abaixar a pressão apropriadamente seguida de perto para que o controle ocorra e que a dose das drogas seja aumentada gradualmente segundo necessidade e monitorização pelo médico responsável, como demonstrado em estudo de nosso grupo, sendo importante equipe multidisciplinar experiente contando com bom suporte de terapia intensiva no primeiro dia pós-operatório.( Cássio Andreoni, Susan M. Goldman e Claudio Kater. Advances in Pheochromocytoma Management in the Era of Laparoscopy. J Endourol 2007 Nov;21(11):1303-7).
A cirurgia pode ser minimamente invasiva ou por cirurgia tradicional aberta.
A cirurgia laparoscópica ou robótica utiliza equipamentos especiais com tecnologia e é imprescindível o treinamento apropriado com essa técnica para segurança e eficiência do tratamento cirúrgico.
Estudo realizado por nosso grupo demonstrou que é possível realizar laparoscopia minimamente invasiva em 84% dos casos, o que proporciona menos dor, recuperação mais rápida, melhor efeito estético da ferida operatória, menor sangramento (The new era of adrenal surgery. Cassio Andreoni et al. J Endourol, 17 (S1): 70, 2003). Veja figura 2.
Alguns estudos também demonstram que os níveis de adrenalina em cirurgia laparoscópica atingem picos menores do que em cirurgia aberta sendo mais tranquilo o controle de hipertensão durante o intra-operatório.
Os pacientes operados de Feocromocitoma devem fazer o primeiro dia de pós-operatório na UTI, monitorando além do básico, a pressão arterial e níveis de glicose que podem cair.
Após a alta hospitalar, o paciente deve seguir monitorando-se a pressão arterial que ainda pode alterar. Eventuais testes genéticos e moleculares podem ser feitos para verificar possibilidade de transmissão hereditária.
Urologista formado na Universidade Federal de São Paulo, há 25 anos e qualificado em cirurgia minimamente invasiva e robótica.