Dr. Cássio Andreoni

Tratamentos naturais funcionam para doenças da próstata?

Atualizado em 19/09/2023
Tempo de leitura: 3 min.

Hoje na internet e nas mídias sociais, frequentemente são exibidas propagandas que fornecem uma grande variedade de informações, muitas vezes verdadeiras, outras vezes não. Essas informações abordam tratamentos naturais para problemas relacionados à doença da próstata, que geralmente se refere ao aumento benigno da próstata.

No post de hoje, falaremos sobre os fatores que influenciam o crescimento da próstata e as opções de tratamento natural. Abordaremos questões cruciais relacionadas à saúde da próstata e esclareceremos mitos e verdades sobre o tratamento. Acompanhe!

Fatores que aceleram o crescimento da Próstata

A partir dos 35 a 40 anos, nos homens, a próstata começa a crescer, independentemente dos hábitos de vida, podendo piorar se houver muitos estímulos, como o uso de hormônios como a testosterona e análogos, que atualmente estão em alta. Esses estímulos podem acelerar o crescimento da próstata além do que seria natural, aumentando os problemas, incluindo a necessidade de cirurgia no futuro.

Tratamento Natural

Quanto ao tratamento natural, existem alguns fitoterápicos conhecidos, como o Pygeum Africano e o Serenoa Repens. Essas substâncias têm sido utilizadas por muito tempo e já foram cientificamente testadas em numerosos estudos que remontam décadas. No entanto, elas não promovem uma desobstrução adequada da próstata.

Apesar de parecer paradoxal e controverso, o tamanho da próstata não é o principal problema. O problema real está na compressão que o aumento da próstata exerce sobre o canal urinário, causando dificuldades na micção. Portanto, o objetivo do tratamento não é necessariamente diminuir o tamanho da próstata. Esses fitoterápicos podem proporcionar algum alívio, talvez devido às suas propriedades anti-inflamatórias, gerando um alívio para urinar, mas não resolvem o problema da obstrução.

Por que a desobstrução é importante?

A obstrução causada pela próstata afeta a função da bexiga, o que realmente compromete a saúde do paciente. Portanto, ao tratar o aumento da próstata, o objetivo é prevenir a pressão sobre a bexiga, que não está diretamente relacionada à redução do tamanho da próstata.

O primeiro conceito que já abordamos aqui é o motivo pelo qual os pacientes muitas vezes se deixam convencer por tratamentos duvidosos, muitas vezes promovidos na internet. Um exemplo disso é o uso de óleo de semente de abóbora ou produtos similares, que supostamente reduzem o tamanho da próstata. Embora isso possa ser verdade, não significa que seja eficaz na redução da pressão exercida pela próstata na uretra.

Alguns sites, afirmam que o óleo de semente de abóbora pode diminuir a 5-alfa-redutase, uma enzima que converte a testosterona em dihidrotestosterona, o que, por sua vez, resultaria na redução da próstata. No entanto, esses medicamentos são conhecidos há décadas, e os inibidores da 5-alfa-redutase, que estão disponíveis no mercado até hoje, não são a primeira opção de tratamento. 

Desde as décadas de 80 e 90, ficou evidenciado que outras medicações, como os bloqueadores alfa, que relaxam a musculatura da próstata, são muito mais eficazes, como demonstram inúmeros estudos.

Mantenha-se informado!

Porém, é importante não se deixar enganar, pois alguns desses medicamentos podem até mesmo causar diminuições nos níveis hormonais, resultando em disfunção sexual e redução na ejaculação, o que pode acarretar outros problemas. 

Além disso, esses remédios não costumam melhorar significativamente os problemas para urinar, alguns deles podem até aliviar sintomas, uma vez que têm propriedades anti-inflamatórias. Isso significa que uma pessoa que está um pouco irritada com o aumento da próstata pode sentir-se melhor, mas não significa necessariamente que o remédio esteja desobstruindo o canal urinário e prevenindo disfunções na bexiga.

Existem muitos tratamentos naturais que são conhecidos há décadas e foram utilizados inicialmente, mas acabaram sendo abandonados. Hoje, eles estão sendo comercializados de forma mais intensa e tentam ser apresentados como tratamentos eficazes. No entanto, esses tratamentos geralmente produzem apenas pequenas alterações que podem confundir um paciente desinformado.

Dr. Cassio Andreoni Ribeiro

CRM 78546
RQE 102167 - Urologista

Urologista formado na Universidade Federal de São Paulo, há 25 anos e qualificado em cirurgia minimamente invasiva e robótica.

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